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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

segunda-feira

40 Dicas de auto-ajuda para fazer 40 vezes

Acreditar em você, mesmo que seja verdade.
Arranjar uma briga com um desconhecido e quebrar uma garrafa de cerveja. Sem cerveja. Na cabeça dele.
Criar algo com as próprias mãos e sem viadagens burguesas, por favor. Criar uma cadeira, uma mesa, apertar parafusos, bater pregos. Algo funcional e bem feito.
Ler um livro em outra língua.
Fuder. Muito. Fazer amor. Nunca.
Questionar autoridade religiosa. Ninguém sabe mais e tem mais razão do que você sobre o que você acredita, mesmo que seja mentira.
Cuspir na cara de quem você ama. Você sabe o que quero dizer...
Rasgar panfletos.
Cantar confiantemente com o fone no ouvido. Não se preocupe. Não tem ninguém ouvindo mesmo dentro de um trem lotado.
Comer de boca aberta e arrotar sua comida favorita.
Bacon faz bem. Não importa o que digam.
Nutella faz bem. Não importa o que digam.
Bacon com Nutella. Sim.
Ninguém sabe fazer Milkshake. Só você sabe. O seu jeito É o mais gostoso.
Aprender um prato novo em toda oportunidade que aparecer. Você pode esquecer. Mas aprendeu.
Ria alto para caralho quando algo for engraçado para caralho. Só você sabe o tamanho da sua felicidade. Foda-se o constrangimento alheio.
Fique bêbado, vomite, cause vexame, se mije, discuta com o garçom a conta, tente beijar a mendiga, durma na volta pra casa, volte a pé seja lá onde você acabou acordando, cure a ressaca. Mas ligue no dia seguinte pedindo perdão para todos seus amigos. Eles merecem te aturar e você ouvir a porra da história da noite passada.
Nunca negue um convite aleatório e fora dos seus planos.
Se você se comprometeu a alguma diversão há tempos, mas surgiu outra melhor, escolha a melhor e não tenha vergonha. Se te encontrarem, era porque era bom de verdade. Se não, era porque eles não sabiam que era bom.
Gosto não se discute. Gosto ruim sim.
Rola. Cu. Buceta. Caralho. Xoxota. Pemba. Buraco. Nunca Vagina ou Pênis.
Trabalho de verdade é aquele que te faz feliz.
Ninguém pode te dizer a direção da sua vida. Se nem você sabe pra onde a sua vai como esses putos podem saber sequer o caminho que você deve tomar?
Escolha uma atriz pornô preferida. A minha é a Sasha Grey na punheta, e a Stoya na personificação. Homenageie sempre. Vale para homem e mulher isso.
Subúrbio é o melhor lugar no mundo. Até na Europa e nas USA.
Fuja daqui o quanto antes possível.
Viaje sozinho e esqueça-se dos outros. Pense em você, arranje um amor distante, faça aquelas coisas amorais que você sempre quis, mas não tinha coragem. Volte e agora repita tudo o que você fez na viagem onde você mora. Nunca se reprima.
Drogas é uma palavra feia pra caralho. Use para chocar.
Use drogas. Pelo menos uma vez para saber que porra você está falando ou fique calado e não cague regra. Enquanto escrevi essa bosta sem sentido, estou sob efeito de álcool. Foda-se.
Dinheiro gasto entre amigos é um dinheiro sempre bem gasto.
Quando a merda apertar, ela aperta tão forte que seu esfíncter vai fechar. Não tema. Nessas horas, você vai descobrir quem está do seu lado. E se quem você acha que estaria não está, não julgue. Esse sujeito ainda serve para pagar a conta do bar para quando você der um calote na mesa.
Chupe manga e se babe.
Apaixone-se por animais e odeie quem os maltrata.
Amigos com benefícios. Tenha sempre dois ou três. Namoros terminam.
Não esqueça quem te esqueceu. Essa gente nunca vai saber o gosto bom que é a lembrança. Isso é um salva-vidas.
Ouça a música do seu país e realmente tente entender algo sobre isso. Se você que nunca ouviu nada ou só por alto, escolha alguém, nem que seja o mais óbvio. Sua vida vai mudar ouvindo coisas que representam os valores que estão mais próximos.
Não confie em artistas que aparecem em comerciais de refrigerantes e genéricos. Eles nunca vão mudar a sua vida.
Perceba. Você sempre vai admirar as grandes obras da humanidade, mas sempre vai ser influenciado pelas mais obscuras porque são mais tocantes e te falam no íntimo. Não tenha medo de dizer que gosta de algo que ninguém conhece. Isso é o que faz você.
Não me ouça. Esqueça tudo isso e faça tudo ao contrário. Você pode. Ninguém sabe da sua vida e isso aqui é totalmente pessoal.
E, por último e mais importante: Nunca mais leia uma porra de lista dessas.

sábado

Superstição

Com dezesseis anos, os touros perdem a audição do ouvido esquerdo. Por muito tempo, foi-se dito que era apenas por um motivo único de superstição. Senão perdessem, não seriam reprodutores fiéis. A verdade é que eles comiam muito capim e aquele vegetarianismo involuntário fazia mal. Na Espanha, acontece a Rapa de Bestas. Todos os cavalos nesse vilarejo são raspado com navalhas, tesouras e estiletes como uma tradição. É uma precaução para afastar maus espíritos do vilarejo e para constituir tradição. Não sei como podemos cumprir o castigo de nunca encontrarmos quem precisamos. Nunca encontrar a pessoa certa. O que preciso fazer além de rir dessas tradições e religiosidades?  Por todos os deuses, me ajoelhar e agradecer? Aceito até deixar a lógica de lado. A partir de agora, todas essas coisas são parte de mim. Mas só para ser feliz.
Como um cigano, tu retificas as linhas de minhas mãos e se enterra no meu corpo com rumores de uma Santeria negra.
Não consigo andar num corredor escuro sem olhar para trás com medo de algum vulto.
Sua calma serena como de Shiva. E a mão que treme de uma curandeira no meio da selva pedindo o mais sacro de todos os bens.
Tua chegada é como o ressurgimento de uma nova língua, um novo país. Um novo cântico folclórico.
Um Poltergeist original que marca minha pele com arranhões invisíveis é assim que você já está gravada na minha vida.
Um Inuit sem teto no meio da nevasca. O Tao do erotismo. Tudo tu controlas com imensa qualidade.
O céu nunca será nosso. Nem o Inferno existe aqui. A bola de cristal já está quebrada. Nem as cartas de Tarot conseguem ler nosso destino. As borras de café não mostram nada nem a piromancia de nossa cama prevê nosso fulgor.
Os cães que ladram lá fora são os únicos que cheiram nossa inútil tentativa descobertas de... será que vai dar certo?
Lá fora, eles nos observam quando passam em bandos de quatro ou cinco atrás de uma cadela qualquer no cio. Param e nos encaram. Eles sabem algo a mais que nem o sexto sentido feminino pode prever. Formulando perguntas que não tem respostas continuamos seguindo. Quero amor. Quero cerveja. Quero ser amado. Pelo amor de deus, isso não tem nada a ver com a porra do amor e a gente tá descobrindo isso a cada século que passa.
Aliás, o que você era na índia? O que você reencarnou no novo reino de Tuthankhamun? Qual parte do lago naquela tribo Polinésia a gente não se esbarrava. Eu agora acredito em tudo. Se tudo der certo. Se tudo, der certo.

-TM / 2015

quinta-feira

Nunca Esquecerei

Ainda bem que você atendeu. É. Eu mudei o número. Tu não atenderia mesmo. Espera. Deixa te falar uma coisa?
Teus olhos. Teus olhos. Não me deixa. Eu preciso te dizer e não me pede para ficar calmo.
Como você bebe o mate no café da manhã e a cerveja no bar no fim da tarde. Eu gosto de tudo em você. Teus cabelos rosas, assim, Rambo em missão de paz, assim, pronta para a guerra. Tua cara de dúvida. De tristeza. De você. De quando eu perdia o tempo comprando flores quando você preferia calcinhas. Comprei calcinhas com bordados de flores.
Do cheiro de perfume barato. Natura. Boticário. Quando eu coloquei aquela porra de Gio para mim e tu odiou. Cadê teu cheiro, homi?
Nunca Esquecerei.
Humor zero. Lástima dez. Firmeza de segurar bolsa no fim da tarde de quem perde tudo. Assim. Como quem perde tudo. E tu andou do meu lado aquele tempo todo. Procurando um lugar. Apenas para chegar. O fim da tarde. E teu caminho. Tua boca. Tua dança. Você. De regata do Flamengo slow dancing The Cure numa tarde quente de domingo. Tu não imaginas como és. Nem um pouco.
Tua cara de sono quando está deprimida e quando a gente briga por amar mais do que o tempo e o vento e não me deixa ficar quieto. Eu preciso falar. Essas coisas que a gente faz sem saber por ter começado. Eu, bem feliz que tu veio que a gente começou que o Inferno é mais frio no verão ouvindo as âncoras da salvação e você no porão da minha mente batendo a bigorna com o martelo de ferro pesado pesado como quem tenta lembrar de tudo sem ponto sem vírgula sem fim eu ali brincando de três reis magos presente mirra esperma carinho errei muitas vezes a casa esqueci a chave quando tinha que voltar a gente ali pensando onde eu me meti onde mete por favor mete Teus Olhos Teus Olhos relutantes e lindos como sempre e agora acredito dessa vez é para sempre. Respira.
Puuuuufffff
arfa arfa
iiihhhaaasssss
Dói como um vulcão embebido de calor.
Tu não tá entendendo nada. Eu tô parando. Mas eu não consigo. É tipo vício. Eu tô vício. Eu tenho Rachel aqui escrito todo no meu corpo. Essas tattoos dizem você all over. Porra, eu tô tentando ser coerente. Mas eu quero que tu entenda.
Eu não sei te deixar.
Nunca esquecerei, Rachel. Todo santo dia da tua existência existência na minha vida enquanto tu me suportar tu tem pau na sua xoxota e você sentando o quanto quiser. Desculpa. Eu calo a boca. Eu te respeito. Perdão. É. Eu sei que as pessoas não gostam de ouvir isso. Mas é uma puta d'uma mentira. A verdade é que ninguém tem coragem de falar o que sente. Eu? Ridículo. É sempre assim quando a gente tá com vontade de dizer as coisas. Rachel, vai tomar no cu! Eu falo o que quero e o que tenho vontade.
Nunca Esquecerei.
Nunca.
Tu sabe o que quero.
...
Eu quero você de volta, sua puta. Desculpa. Não tô te xingando. É só um jeito carinhoso de te falar. Sabe? Tipo, amigo que chama o outro de viado.
Para você chamar de seu, eu me transformo em qualquer coisa.
Você só tá falando isso para desligar o telefone.  Eu sei que eu tô confuso mas só quem tá desesperado vai entender bem o que quis dizer. Só quem ama é desesperado. E eu tô desesperado.
Diz que me ama? Tá bom. Não vou forçar.
Tu promete que me liga? Mesmo?
Tá. Eu vou ficar aqui esperando. Eu posso passar aí para a gente conversar.
Não? Porque não? Tem mais alguém aí? Deixa eu te ver... tá. Eu espero.
Me liga?
Beijo, Rachel.
Ei.
Eeei.
Nunca Esquecerei.

terça-feira

DEUS

Deus
Esse velho bêbado desocupado
um bando de anjo torto
correndo nu, brincando de pique-pega do seu lado
No carnaval, se fantasia de mendigo
para, nas cinzas, curtir o feriado
se benze quando passa por macumba
amém, quando bebe vinho
bola de gude, nos buracos do Flamengo com os meninos
se parecem anjos tortos
correndo seminus, brincando de pique-pega com os carros
Se encontrou com um preto abatido
numa estrada encruzilhada, muito fingido
abençoou a viola do negro, como quem não quer nada
Riu, do blues, batizado pelo coisa boa de branco
para ouvir no céu
uma banda de um anjo torto
correndo notas, brincando de músico do diabo
tanta palhaçada, meu deus
doze pessoas numa mesa
bebendo vinho do bom
e pão quentinho
rindo como se não houvesse amanhã
um bando de anjos tortos
correndo nu, brincando de pagar prenda com ele.

Deus
Esse velho bêbado de vinho
gosta de musica do "demo"
de carnaval na quarta
e rir da nossa cara até morrer.

Três Dias de Fogo



Fazia tempo que eu não me sentia assim. Com sorte. Essa sorte estranha que vem não sei da onde e se estabelece como um karma. É como se o universo soubesse que você está bem fudido e te dá uma chance de esquecer um pouco os problemas. Esquecer um pouco sobre você. Eu descobri depois desse tempo todo andando por essa terra que sou um indeciso sentimental do caralho. O que acontece é que se alguém me destrói emocionalmente, se me faz perder a fé do amor, eu adianto logo a personificação do homem perdido e assumo a minha nova característica. Eu perco a fé do amor, não a do sexo. Nunca a do sexo. E é isso que me faz procurar mulher novamente. Ir atrás. Pode demorar uma semana, um mês ou seis meses. Eu demorei dois meses na penúltima vez. Foi uma gorda que reapareceu na minha vida. Uma gorda que se acha artista. Ela pintava nus ou algo assim. Ela era histérica, maluca e o pior... Não é a hora de falar sobre ela, isso fica pra depois, mas foi nessa louca que descobri que tinha uma deficiência em acreditar no relacionamento tão rápido. Eu sempre vou amar as pessoas, mas nunca vou me entregar tão fácil assim. E eu me apaixono tão rápido quanto um veado goza se masturbando com um pé de cabra no ânus.
Ficando um tempo sem procurar ninguém e disfrutando da minha vida de putaria, ela apareceu. Não vou ficar marinando a parte romântica porque isso não interessa aqui. Basta dizer que foi boa o suficiente para eu queimar como uma tora vira carvão e ainda querer ela. Só ela. Seu corpo duro e macio, seus cabelos pintados de vermelho, os seios lindos, a bunda firme, a buceta linda, mesmo com experiência suficiente para manter qualquer macho trabalhando a noite toda, preservada, cheirosa, viva.
Mas vem aquela cobrança feminina de que tu deve mudar mesmo sabendo a hora do que deve acontecer. E a necessidade de querer as coisas. Me irrita a incapacidade social que a mulher tem em se sentir fortalecida por um homem protetor. Eu quero que se foda isso. O que eu quero é uma mulher independente de si e da vida. Independente e maluca. Quando ela começou a perder o brilho e o encanto, eu dei o passar bem. Porque não se pode tirar o foco da dor e colocar o desespero á frente. Não na frente de quem te conheceu sendo tão forte. Nunca perder as rédeas.
E como notícia ruim de homem solto na rua é notícia que corre rápido entre as mulheres, nasce um fogo quase absurdo. É a competição. Terrena. Simples. De quem come primeiro. Nós homens não percebemos isso, nós ou estamos sofrendo muito e matando a dor dentro de uma caneca de cerveja dentro um bar qualquer ouvindo Amado Batista tocando alto no som ou estamos tentando achar o maior número de buceta possível para comer e remediar a dor. E como um homem precisa comer várias mulheres para esquecer uma mulher. A mulher.
Então fica parado e espera. Foi o que fiz. E foi o que a Madá fez.
A Madá é alta, cabelos escuros, e, pele branca. Tatuagens horríveis, mas uma boca e sorrisos lindos. E que vontade de dar. Que xoxota linda. Ela mora longe e eu tive que ir a ela, ao mesmo tempo, a Samara veio dar um ombro amigo. Me disse que estava devendo se embriagar com ela numa noite dessas. Uma ruiva natural, cheia de sardas. Como morava na mesma região da Madá não me precipitou.
Encontrei a Madá no cinema e nos pegamos como se não acabasse o dia, era de tarde e estava muito quente que nem o ar condicionado funcionava. Seu short jeans e top usando uns óculos bem nerd. Aquilo me deixava excitado e só pensava em gozar com ela usando eles. Saímos do cinema e fomos para um lugar que tinha logo perto. Ao entrar, ela já ajoelhou e foi mamando minha vara que estava tão dura e pulsando que fez ela engasgar ao enfiar na garganta e não foi pouco. Soquei até lacrimejar. Mas ela não fraquejava. E tomou minha porra toda. Ela tinha que ir para o trabalho. Seu primeiro dia naquele pub. É um nome chique para um boteco. Mesma merda, cerveja mais cara. Falei que ia esperar ela. Depois de ir para o trabalho, fui para a praia e fiquei bebendo a tarde toda. Vendo as mulheres. Mais tarde um amigo meu, Luigi apareceu e ficamos bebendo conversando sobre política e essas coisas que a América Latina está tão preparada mas sempre enrabada. Essa puta velha ainda aguenta muita pilantragem. Até ele continuar bêbado e agressivamente efusivo. Mas ainda faltava mais algumas horas para ela sair do bar, então, resolvi ir para um motel e mandar algumas mensagens para ela, esperando ela. Querendo que ela entrasse como se fosse uma puta. Que pensassem que era garota de programa. Enviando fotos para ela. E ela respondendo do bar. Mandei-a ir ao banheiro e enfiar o dedo bem fundo na buceta e servir os clientes assim. Com cheiro de xoxota. Quando ela finalmente saiu do trampo, entrou no táxi e veio voando para o motel. Tomou um banho. E fudemos o quanto conseguíamos. Estavamos muito cansados. Eu bebi demais e ela estava exausta. Um monumento de mulher que sempre desejei e eu estava cansado. Que se foda. A vida acontece.
No dia seguinte, nos arrumamos e continuamos a nossa vida. Ela foi trabalhar e eu também fui resolver meus problemas. Samara me ligou algumas vezes e Luigi, no meio dos seus surtos, me disse, “se você quiser, não estou dizendo nada, mas você consegue pegar fácil. Não sei se come, mas pega fácil”. Eu nunca entendi direito como essa coisa de perceber que alguém quer algo contigo, funciona. Eu nunca reparei. Sempre passo como se fosse uma nuvem e não capto nada. Precisa ser bem direto. Precisa me dizer claramente como a Madá. Que me ligava para falar que estava louca pra fuder comigo. E eu entendia. Então, a Samara estava ali. Assim. Sempre senti tesão por ela desde a primeira vez que vi. E hoje a noite íamos nos encontrar para beber com a galera.
Foi uma festa de amigos que acontece sempre. Quase que religiosamente toda semana. E lá estava ela. Tocando violino pra galera. Bem branca. Começamos a conversar e cortei logo a conversa.
Eu sei que você quer... Para de falar e me beija.”
E daí começamos a se beijar, meu celular tocou algumas doze vezes e ignorei. Mais tarde da noite descobri que era a Madá. Mas aí já tinha colocado a Samara em pé solta no espaço segurando e equilibrando ela apenas pelos braços presos nas costas enquanto socava a rola nela. O barulho das batidas do meu saco na pele dela me dava mais tesão e eu fudia com mais raiva. Minha vontade era de suspender ela na pancada do meu pau. Até gozar. Ela ficou com um certo ciúmes e senso de nocividade quando descobriu as ligações. Que se foda. A gente é sempre posse de alguém em qualquer dado momento. Se você acha que não, pense de novo. Liguei bem mais tarde para a Madá marcando algo pro outro dia. Marquei um almoço, e, realmente aconteceu, mas sem ela. Eu tenho um código de honra muito digno, que funciona muito bem. Eu vou onde me convidarem, mas se houver algo melhor para fazer eu desmarco. E nunca neguei isso. E esse almoço foi com alguns amigos, umas cervejas e uns sambas. O centro do rio fica muito bonito nas tardes de sábado. E a rua do mercado é um ótimo cartão postal da pós-foda do fim de semana. É para ficar entre amigos. Na mesa que estávamos do outro lado tinha essa menina com um olhar muito sexy e com pernas intermináveis. Ela me encarava e resolvemos tomar uma cerveja. Perguntou sobre uma marca no ombro. Se era algum beijo. Era uma mordida. E tinha sido da foda da noite anterior. Ela sorriu sem se assustar com a informação e levantou a saia preta e curta mostrando as marcas na coxa. Falou bem no meu ouvido, “Tomei pirocada ontem a tarde toda.”
Só ontem?”
Sim.”
Eu tenho outras marcas da semana. Quer ver?”
Quero você me comendo e contando como foi. Isso me dá tesão.”
Saí daquele restaurante levando ela direto para o motel. O mesmo quarto da primeira noite. Fiz de tudo. E tudo ela pediu. Mas essa merece detalhes e estou a mercê do tempo. É isso que eu quero o tempo. Ela contou e marcou todos os arranhões e hematomas. A base do osso do meu pau já estava dolorido, mas a gente continua. Eu só me dei conta dessas façanhas putanhescas depois que percebi o que aconteceu. Depois que a mulher que era posse de verdade me ligou. Depois que toda vez que transava comparava. E sempre imaginava ela lá, mandando a mulher fuder direito. Que eu gostava de outro jeito. Que se não fizesse direito ia mijar na boca dela. Dá esse cu, caralho! Saí daí, é assim que se dá um cu. Aprende sua vaca. E gozava.
Todas as vezes.
Três dias de fogo e eu só pensava nela.


Jonas, A Gente Precisa Conversar

Jonas, a gente precisa conversar. Larga esse copo e me olha. Jonas. Poxa. Existe uma diferença muito grande entre eu e  você. O que tanto tu procura quando sai com esse bote?
Jonas. Me responde.
Não tem baleia nenhuma para você caçar... sai dessa ilusão Jonas. Seu pai não vai voltar. Pensa no agora. Pensa na sua vida. Pensa na gente.
Eu sei, mesmo sem você dizer uma palavra, que a baleia matou uma parte de você faz quinze anos. Mas você tem que superar isso. Eu tô aqui e só você não vê. Larga aquele bote. Não! Não vai embora. Desculpa, eu só quero ajudar. Não gosto quando você faz essa cara, e tá tão frio hoje. O que é isso? Um arpão, Jonas?! Você vai mesmo caçar aquela baleia nesse breu? Pera. Anda mais devagar. O Moby Dick não vai aguentar. O Mar tá revolto e parece que o tempo vai virar.
Jonas, por favor... fica.
Eu faço o seu guizado de carne que você sempre gostou. Gostava. Não sei mais. Mas quero saber, quero cuidar de você. Eu tô aqui te esperando. Esse tempo todo. Só, por favor, para de andar um pouco e olha para mim. Isso.
Vamos sair desse cais. Eu tenho um pressentimento ruim, meu amor. Se você pegar esse bote e entrar nessa névoa é para nunca mais. Eu não sei o que eu vou fazer se você não voltar. Eu não aguento mais chorar esperando você. Eu não aguento mais.
Jonas, a gente precisa conversar. Eu quero você aqui.
"Joana, eu vou entrar nesse barco. Eu vou encontrar com o meu passado pois a memória é um peso que nos puxa para baixo. E se eu sobreviver a essa baleia, amanhã eu volto para nunca mais."
Jonas, eu vou te esperar aqui.
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Jonas entrou no bote, olhou para trás sério como quem não acredita no que vê. Empurrou o bote do cais com um remo e entrou na névoa. Joana sentou com as pernas dobradas no cais, apertou o casaco, se encolheu e olhou para onde Jonas ia até sumir na noite. Ela ia esperar.

Domingo não é Andrea Doria


A tristeza é Andrea Doria no frio sem vinho, nem cerveja, nem nada.
Não dá pra improvisar, nem o mundo será um livro aberto quando se é Inverno.
O Inverno é bom por isso. Tem muito silêncio, muitos quilos a mais para te fazer companhia, melhores filmes (no Hemisfério Norte é verão nos USA, que faz o Sul ter muito filme de pipoca e é época de pipoca), tem chocolate sem grudar no dedo, tem cobertores. Têm Domingos também, longos Domingos, quase intermináveis. As pessoas não sabem a fatalidade que é um domingo. Domingo não é Andrea Doria. É pior.
É Andrea Doria com açúcar e uma cereja encima sem ter chances de afundar o navio.
Domingo é o inimigo do Inverno. Não são as pessoas que amam o calor, essas insanas. Não são os dias de trabalho quando tá chovendo. Isso a gente convive. Nem o Fog as 5 da manhã, muito menos o desgraçado do esportista que corre as sete horas em ponto usando um maldito short fosforescente que se poderia você jogava o carro encima daquele corpo saudável. É o Domingo. É o motivo de guerras. A gente quer acabar com isso. Domingo é tão ruim que o descanso dos Judeus é no sábado. Vê? Até todo um povo renegou esse dia. Porque é nocivo. Domingo deveria ser um nome de alguma doença. "O senhor está com Domingigite. Vai ter que amputar." Antes fosse...
Antes pudesse amputar.
Conheço gênios que se ressacam para suportar o Domingo.
Conheço pessoas que tomam remédios para não existir Domingo. Ao falar com elas, elas dizem "Hoje é Domingo." É um código universal. É como se fosse um erro magnânimo ter ligado no Domingo. Cogitar fazer alguma ação nesse dia. Façam algo no Domingo! Não errar no Domingo é deixar que o Domingo seja importante. Que ele vença.
Nunca enquanto estiver sob minha vigília!
Andrea Doria quer ter alguém para conversar e os Domingos estão contra você. Eles irão usar o que você disse contra você.
'Hoje é Domingo.' Não sairei? Não viverei?
Viva! Saia! tome sorvete no Inverno no Domingo para desmotiva-los.
O Domingo não manda na gente.
E, assim, enquanto nos revoltamos contra os Domingos, seremos livres. Livres para justificar ficar embaixo da coberta sem ser obrigado. Por opção própria. Por acordar, almoçar e voltar a dormir. Por opção, dar banho no cão e lavar o carro. Por opção!
Daremos aos Domingos significado para podermos odiar um novo dia:
As Segundas.